quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Natal virou uma bolacha sem gosto





Bom, este é um texto exageradamente íntimo. Quase um desabafo depois de 9 anos de saudades. Então, se você está esperando uma soletada no Inter, pare de ler aqui.  
Mas é que me deu uma saudade grande dela hoje. Nossa relação foi por míseros 2 anos. O tempo suficiente pra me apaixonar incondicionalmente por ela, pelo jeito dela, pela alegria dela, pela força dela, pelos valores dela. Por tudo de bom que saía daquele coração enorme e que um dia, lá no início de 2003, fraquejou para tristeza dos filhos, parentes, amigos, alunos. Para minha tristeza.
Minha sogra era tão deliciosamente diferente que o apelido óbvio de jararaca nunca pôde ser aplicado plenamente. Era impossível achar isso dela.
Na real, me apaixonei por ela no primeiro minuto que a conheci. Uma mesa comprida, festa de formatura, e ela lá, na minha frente. Me analisando, prestando atenção no que eu dizia, como dizia, os gestos que eu fazia. E com uma cara de curiosidade, não da mulher de 50 anos, mas com aquele jeito infantil que ela pegava emprestado dos seus alunos do São José de Murialdo.
Professora competente, mãe incondicional, mulher guerreira pra enfrentar os problemas que apareciam na vida. Contas, doenças, dissabores, grands e pequenos problemas.
Cansei de ver se queixar. Mas sempre encerrava o assunto ou com uma gargalhada ou fazendo a gente rir.
Adorava a breguice da Tânia. A paixão que ela tinha pelos cacarecos do 1,99, pelo Roberto Carlos, pelo Grêmio, pelas luzinhas Natal.
Talvez por isso eu tenha deixado de gostar de Natal. Porque a Tânia adorava o Natal. Adorava deixar o apartamento exageradamente natalino. Adorava a festa, a entrega dos presentes, a comilança. E eu adorava a Tânia.
Nunca mais gostei de Natal. Nunca mais gostei de “Amigos para Sempre”.   
Hoje, eu olho para as duas netas dela correndo, brincando e lamento profundamente por elas. Porque a pressa da Tânia tirou delas a oportunidade de conhecer a vó. Que pelo jeito dela, não seria a vó, mas a irmã mais velha.

A Tânia foi. Mas deixou, pelo menos pra mim, a certeza de que a gente tem que curtir ao máximo quem amamos pra depois não termos apenas um mísero texto de blog pra mostrar o arrependimento pelo tempo perdido.  
Tânia pros amigos e parentes, mãe para os filhos, Tia Tânia para os amigos dos filhos, “profe” para os alunos. Pra mim, vai ser sempre a Bolacha. Aquela cara gorda, sempre rindo, dizendo uma besteira e me ensinando que a vida não pode ser pesada. Mas que pra mim ficou menos divertida desde que ela se foi.
São tão netas da Bolacha que uma se chama Maria e a outra, Isabela.





5 comentários:

  1. chorei mais agora do que no dia da carroça na chuva.

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  2. Sensacional. Parabéns pelo texto e pela baita homenagem. Ela certamente está muito feliz por isso. Gde abraço.

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  3. Olá, te conheço de nome, sou publicitária e não foi por acaso, agora sei, que o comentário de uma amiga comum do face me trouxe para ler o teu texto. Há pessoas que fazem uma falta enorme nas nossas vidas e daquele pequenos que tanto amamos. Não ha mesmo um consolo mas sim um eterno resgate da energia vibrante que deixaram nos nossos corações, que nos encoraja e nos capacita a retransmitir, mesmo que timidamente, a sua luz. Abraços, Adriana.

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  4. A Tânia deixava a gente com vontade de revê-lá; pena que foram poucas vezes. Parabéns Ricardo por essa homenagem tão linda. Tenta mais uma? Busca de volta a alegria do Natal, para que as bolachinhas cresçam com as lembranças mais felizes e, no futuro, se alegrem ao repetirem a avó, iluminando os natais e aqueles com quem compartilharem a vida.

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  5. boaaaaa dindão!!!mais uma linda homenagem.vc sabe que pode contar com a gente pra qualquer coisa.TE AMOOOOOO!

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