segunda-feira, 14 de março de 2011

Carta aberta a um casal apaixonado

Pois em meio a um tsunami no Japão, carnificinas escabrosas na Líbia e as escalações esdrúxulas do Celso Roth, eu tive a felicidade de participar de um momento mágico neste sábado, dia 12 de março:
o casamento da Ana e do Diego. Eu já conheço os dois há muito tempo. E posso dizer que são aquelas pessoas que, no dia em que nascem, Deus aponta o dedo e decreta:
“Estes terão a missão de mostrar a todos que ainda existe esperança.”
Pois foi o que fizeram neste sábado. Juntos e exalando paixão pelos poros, os dois elevaram uma cerimônia de casamento para algo muito maior: durante oito ou nove horas seguidas, fomos brindados com demonstrações gratuitas e bem didáticas sobre companheirismo, amizade, carinho, paixão e sobretudo amor.
E não só entre eles, os noivos. Mas deles para com seus familiares, com seus amigos, com todo mundo. Eu poderia falar sobre a cerimônia tocante, a emoção dos noivos no altar ou sobre a impecável recepção no Leopoldina Juvenil, a comida maravilhosa, a bebida gelada. Pela maravilhosa surpresa de reencontrar grandes amigos do mercado que eu não via há tanto tempo. Eu poderia até falar sobre a surpresa preparada para deleite de todos os convidados com um show-surpresa do Bochecha (aquele mesmo da dupla Claudinho & Bochecha). Mas isso tudo ficou em segundíssimo, terceiríssimo plano depois das lições explícitas sobre como ser feliz, como respeitar, como amar e ser amado.
Por tudo isso, Ana e Diego, eu quero agradecer, do fundo do meu coração pela aula de vida que vocês dois nos deram neste sábado.
E, se não for pedir muito, que do alto de seus poderes de serem pessoas tão boas e puras, torçam para que todos os seus amigos, inclusive este que vos escreve, sejam felizes para sempre. Assim como vocês certamente serão. Na saúde ou na doença. Na alegria ou na tristeza. No final de tudo é isso que vale.
Foto: Gabriela Luiza Hochscheidt

quarta-feira, 2 de março de 2011

Sandy>Paris Hilton

E essa agora? Depois do Kadhafi dizer que o povo líbio o ama, do John Galliano mostrar sua grife nazista para o mundo e do Ricardo Neis alegar que precisou fazer um strike em 20 ciclistas para não morrer, agora a Sandy me aparece como a “Garota Devassa” do carnaval 2011.
Sandy: a eterna menininha do Xororó. A Mariquinha que não queria abrir a porta nem para o garotão da família Lima. Pelo menos até o casamento.
Pois é ela a garota propaganda de cerveja Devassa. Mais do que isso, é ela a Devassa da maior festa pagã do país. E sabe que eu gostei?
Em primeiro lugar, porque na minha modesta opinião, cumpre uma regra básica da propaganda que é surpreender, pegar as pessoas no contrapé. Usar a Sandy como garota propaganda de uma cerveja chamada Devassa é tão surpreendente quanto dizer: “Deus existe. E ela é negra.” As redes sociais no dia de ontem e hoje só falam nisso, o que, pra mim, já atesta um certo e evidente sucesso na estratégia.
Em segundo lugar porque, como se não bastasse a felicidade do conceito da campanha concluir que “Todo mundo tem um lado Devassa”, a escolha da Sandy também é perfeita.
Explico: ano passado, a Garota Devassa da marca foi a Paris Hilton. E vamos combinar que, com o perdão do trocadilho, ela é o tipo de personalidade que já teve sua vida sexual devassada ao extremo. Ou você não lembra mais do videozinho dela tocando o instrumento de sopro do maridão? Sob este ponto de vista, apesar de estar super adequada ao tema “Devassa”, usar a Paris Hilton é quase tão óbvio quanto usar o Pelé para vender chuteira ou bola de futebol.
Agora, o uso da Sandy é de um valor que transcende qualquer explicação óbvia da propaganda para encontrar guarida no inconsciente das pessoas.
Vamos combinar que todo mundo imagina que a Sandy seja a imagem mais fiel da virgem casta do Brasil. O Kaká de saias, certo?
Mas ao mesmo tempo, lá no fundo, todo mundo também se permite desconfiar dessa imagem de santinha da genitália oca: “Mas e se ela não for assim, tão certinha?”
“E se ela for bem devassa naquela hora em que fecha a porta do seu quarto todo rosa e se esconde debaixo do edredon da Moranguinho pra devorar o garotão da família Lima?”
É aí que está a graça da campanha. É a primeira vez que vemos o nosso “se” em relação à Sandy se materializar em forma campanha. Não estamos mais sozinhos em nossos devaneios devassos. Já podemos imaginar a Sandy peidando (porque “soltar pum” é coisa da outra Sandy), arrotando, coçando a bunda e avisando pro garotão da família Lima que “vou lá no banheiro passar um fax pra Dilma”.
Nossa imaginação ganhou voz e imagem. E nos próximos dias vai sentar na mesma mesa de bar pra tomar uma Devassa com a gente e nos fazer a pergunta de sempre:
“E se ela for Devassa mesmo?”
Chora, Xororó!