quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O dia em que o Capitão superou o general



Querido Fernandão,
Eu sei que aqui mesmo, neste blog, você já tomou uma sonora soletada. Mas entenda que aquilo foi por conta de sua atuação como treinador. E nunca como o ídolo que nos encheu de orgulho e o homem que mostrou seu caráter.

E de mais a mais, depois de ontem, eu descobri que, além de não poder ver uma mulher chorando, eu também não posso ver um ídolo do seu quilate se desmanchando de dor. A dor que, com certeza, tocou a todos os colorados porque também sofremos do mesmo mal. Ou seria bem?
Somos perdidamente apaixonados pelo Inter. E ontem, Capitão, você deu mais uma prova disso.

Sim, os resultados de campo não foram nada bons. Sim, o seu aproveitamento como técnico (44%) também não fez jus à sua carreira como jogador. E sim, aquela sua maldita mania de escalar 3 volantes, decididamente nunca deu certo.

Mas o que você fez, acredite, acabou sendo muito maior que isso: você fez o que todos os bundões que passaram pelo Beira-Rio nos últimos 4 anos, incluindo cartolas e técnicos nunca tiveram a coragem de fazer. Você meteu o dedo na ferida e apontou todos os erros de um vestiário podre, cheio de come-dorme os quais não têm moral nem pra atar a sua chuteira. Nem a do seu pé esquerdo.

Porque eles não fizeram o gol 1000 em Grenal. Não se atiraram de carrinho naquela bola pra fazer um gol de final de Libertadores contra o São Paulo. Muito menos abriram mão de sua condição de atacante para correr o campo todo e marcar como você marcou naquele jogo contra o Barcelona.

Por tudo isso, ao invés de achar que foi coisa de principiante o fato de você, Capitão, colocar a podridão pra fora, pra mim, aquilo foi coisa de homem. Homem com vergonha na cara e comprometimento com a história de um clube centenário.

Assim como foi atitude de homem o seu choro na despedida de ontem. E, no seu caso, contrariando as patentes do exército, eu até ouso falar em nome da imensa torcida colorada:
entre o choro de um Capitão e o sorriso de um general, nós ficaremos  sempre contigo, Fernandão.
Obrigado por tudo.   
  

É assim que a gente vai sempre lembrar de você, Capitão.