segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Os 10 mandamentos da derrota



E quando a gente enxerga um pouco de tudo aquilo que vem bem antes das quatro linhas do gramado, a gente entende porque o Inter está neste momento deplorável.
“A bola pune.” Essa frase dita tantas vezes pelo Muricy é a mais pura verdade. Mas o castigo da bola é só o final de um longo e complexo processo que passa por administração, gestão, bom senso e política. Coisas que a atual diretoria, comandada por Giovani Luigi, simplesmente perdeu nos últimos dois anos.
Parece até que, lá no início de 2011, Luigi surgiu na arquibancada superior do Beira-Rio, em meio a nuvens, raios e trombetas de anjos. E trazia consigo as tábuas de pedra contendo as 10 regras essenciais para um clube afundar na crise: os 10 mandamentos da derrota.

1) Não enxergarás o óbvio.
Tudo começou ainda em dezembro de 2010. O que se espera do novo presidente do clube que acabou de passar pelo maior fiasco de sua história ao tomar 2 a 0 de um time do Congo? Que ele faça o técnico voltar a nado de Dubai. Pois é. A diretoria não só manteve Celso Roth como aumentou seu salário.

2) Não confiarás em ninguém.
Aí sabe o que aconteceu? A temporada começou em janeiro e já no final de março, a “grande” convicção da diretoria foi demitida. Assumiu Paulo Roberto Falcão sob a benção de Roberto Siegmann, lembram dele? Mas todo mundo sabe que Falcão é desafeto de Fernando Carvalho, - amigão, conselheiro, padrinho e mentor de Luigi. E como Siegmann batia de frente com Carvalho, Luigi aproveitou um 0 a 3 em casa para o São Paulo e se livrou dos dois numa tacada. Sem clemência. Isso com apenas 3 meses de trabalho do técnico. Perguntinha: se não confiava/gostava do Siegmann, por que aceitou o cara como vice? A Yeda aceitou o Feijó como vice e não ia ao banheiro sem deixar alguém cuidando dele. Deu no que deu.

3) Abrirás mão dos melhores.
Aí, pra substituir o Falcão, Anápio(WTF????) e Luigi trouxeram Dorival Junior. Até aí, tudo bem. O problema é que o cara chegou com o seu preparador físico e decidiu abrir mão, simplesmente, do preparador físico da seleção brasileira Fábio Mahseredjian. Pode? Claro, no Inter pode. Agora peguem a lista de contusões musculares só deste ano e tentem acabar a leitura antes do Natal.

4) Demorarás para agir.
Ao final do ano passado, mesmo conquistando a vaga para a Libertadores, a fórceps – diga-se de passagem, todo mundo via, menos a diretoria, que Dorival Junior era muito, mas muito menos do que se esperava. O time não tinha organização, esquema e nem comando. A gota d’água foi aquele jogo contra o Santos em que ele puniu Tinga e Dagoberto e a gente tomou um chocolate digno da caixa de especialidades da Nestlé. Mas, teimosamente, Dorival foi mantido e precisou que o time fizesse um corpo mole do caramba pra ele ser demitido. Demorou tanto, mas tanto, que àquela altura o ano de 2012 já estava seriamente comprometido. Tipo paciente que demora pra ser atendido e quando o socorro chega, ele já está em óbito.   


5) Insistirás em jogar num estádio quebrado.
Essa é outra difícil de entender. Diretoria não quer sair de um Beira-Rio em obras, deprê e cheio de armadilhas para o torcedor herói que ainda insiste em ver o time porque acredita que jogar em casa é importante. Olhem a campanha do Inter em casa. Por que não jogar cada partida em um estádio do interior? Aposto minha cabeça que os estádios lotariam sempre e a pressão sobre o adversário seria muito maior. E na boa: só um colorado muito trouxa da capital deixaria de ser sócio por tirarem os jogos desse Beira-Rio do jeito que está. Tá na cara que não se prepararam pra isso. Há quanto tempo o mundo já sabia sobre essas obras?

6) Te isolarás no poder.
O grupo político que ganhou tudo nos últimos 6 anos rachou no meio e de uma maneira irrecuperável. E caminhamos a passos largos para os tempos tristes de Asmuz, irmãos Zacha e Cia. Tá na cara que faltou espírito conciliador, humildade e uma boa dose de jogo de cintura pra que a atual diretoria não perdesse nomes importantes e vencedores como Vitório Píffero, Pedro Affatato, Mário Sérgio Martins e Roberto Siegmann, entre outros. Ao invés de unir forças, as separamos. E isso tende a ser fatal nos próximos anos.

7) Te apoiarás nos inexperientes.
A experiência do Anápio(WTF?????????????) como vice de futebol já não tinha dado certo. Inexperiente, sem personalidade, fraco. E justamente num cargo onde o dirigente tem que entrar no vestiário chutando a porta, o Anápio pedia “com licença”. Não deu certo. E quem entrou? O glorioso Luciano Davi. Na boa, com estas cobras criadas no vestiário, alguém realmente achou que daria certo? Não, né?

8) Insistirás nos erros.
Como se os erros com Anápio(WTF?????????????????????) e Luciano Davi já não fossem suficientes, a atual diretoria nos brindou com Fernandão como técnico. É aquele pensamento mágico: “Bah, se ele fez aquele gol na final da Libertadores e levantou a taça do Mundial, vai dar muito certo como técnico. A torcida vai apoiar.” Sim, vai apoiar. Até o momento em que achar que um time muito bom no papel teria que render mais. Nem eu nem colorado nenhum vai esquecer do Fernandão como o ídolo que nos tirou de uma fila amarga de anos de insucesso. Mas decididamente não era hora de arriscar tanto. Apostaram alto e perderam todas as fichas.  

9) Não renovarás o elenco.
Se me perguntassem qual foi a melhor coisa na história do Inter, eu diria: ter sido Campeão do Mundo e Bi da Libertadores.
Mas se me perguntassem qual foi a pior coisa na vida do Inter eu provavelmente daria a mesma resposta. Somos reféns dos grandes títulos. Sim, eu acredito muito em continuidade, em time que joga melhor quando tem sequência, etc. Mas tá demais, né?
Na boa: Renan, Nei, Bolivar, Indio e Kléber, D’Alessandro(depois dos últimos acontecimentos, me convenci de que também tem que ir embora) e Cia. já deveriam ter ido. Não se trata de desconhecer o que fizeram nem de achar que são ruins. Mas fechou o ciclo. Acabou. Além de ganharem os tubos, trancam o surgimento de novos jogadores, não põem fim às panelinhas e impedem a oxigenação do vestiário. Agarrar-se a eles é como ter uma pedra amarrada à perna. E no meio do mar.   

10) Não colocarás o pau na mesa.
Bom, deixei este por último porque acho que aí esteve o maior erro dessa diretoria. E que, se aqui a coisa andasse bem, talvez os resultados fossem melhores. Acredito piamente na hierarquia e quando não há, só sobra a anarquia. Entregaram a chave do vestiário para os jogadores que, experientes, deitam e rolam, fazem o que querem, gritam com quem querem e, obviamente jogam quando querem. Literalmente. O Bolívar, por exemplo: saiu do time titular e decidiu que no banco não ficava. E por aí vamos que a lista é extensa: Kléber xingando torcedor e dando carteiraço no Muriel. D’Alessandro derrubando tudo o que é técnico e tomando um amarelo por partida. Religiosamente. Fabrício sendo expulso após o apito final. Fabrício e Jô “festejando” no Rio após a eliminação na Libertadores. Jajá afastado. Dátolo discutindo com o técnico. Fora todos os migués e aquilo que nem veio à tona. Tem como ganhar alguma coisa assim?


Enfim, são muitos erros, poucos acertos e dois anos melancólicos. É o time mais promissor do Brasil antes dos campeonatos e a maior decepção ao final deles. A bola pune. Mas antes dela, tem um monte de gente castigando o clube. E é bem provável que o torcedor se vingue de todos eles nas urnas.



Agradeça, amigão. Não é todo dia que se pega um time como o nosso.
 

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