sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Que ganhe o Grêmio



Neste domingo teremos a mais disputada e comentada eleição dos últimos tempos em um clube de futebol. Três belos candidatos, com seus erros, seus acertos, suas conquistas e derrotas.
De um lado Fábio Koff, campeão do mundo, bicampeão da Libertadores, campeão brasileiro e com o know-how de quem liderou por anos o Clube dos Treze. Mas também foi o cara que fez cara de nojinho quando o Grêmio precisou deles nos momentos difíceis, não foi?
Do outro, Paulo Odone, primeiro campeão da Copa do Brasil, um dos poucos, senão o único que se apresentou para comandar o Grêmio naquele ano em que o Tricolor disputou históricos clássicos contra Anapolina, União Barbarense, entre outros, além de ser o presidente que colocou a Arena de pé. Mas também é o cara que aproveita qualquer motivo pra lembrar a todos que de quatro em quatro anos tem eleição a deputado estadual, né?
E de um terceiro lado ainda, Homero Bellini, trazendo consigo a marca da renovação, da oxigenação, do Grêmio do futuro. Mas também é um cara que pode ser considerado inexperiente perto dos dois concorrentes, né?
Mas vamos combinar: tirando a parte ruim, os três dão ao sócio gremista ótimos motivos para serem votados, não é? Não são competentes? São.
Então, qual é o problema dessa eleição, meu querido leitor e eleitor? Sem meias palavras: o ódio, a vaidade e o orgulho. Juntos, eles são capazes de produzir aquilo de pior que pode sair de um ser humano.
E aí, não se trata de ganhar para colocar em prática o melhor projeto para o Grêmio. É ganhar para humilhar o outro lado, colocar o pé no pescoço do adversário até que ele dê as três batidinhas protocolares de mão, pedindo água, pedindo arrego, para regozijo do vencedor. Pra arrebentar todo e qualquer pensamento do grupo opositor.
Como se ali não existissem apenas gremistas. Apenas pessoas que deveriam, ao final do pleito, se unir em nome de um bem muito, mas muito maior que eles, que é o Grêmio. Porra, afinal, se são gremistas de verdade, querem ganhar Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores, Mundial, não é? Então, terminada a eleição, o que importa quem tenha sido o vencedor se não for para fazer o Grêmio campeão de novo?
Eu sei que a maioria de vocês deve estar me achando um baita ingênuo, que tem muita coisa por trás de tudo, que o poder é foda, etc.
Mas acho que deixar o clube como coadjuvante em uma eleição em que vaidades e interesses pessoais são protagonistas é um duro golpe no futebol.
E como um cara apaixonado pelo futebol, eu quero que o futebol vença sempre. Mesmo que seja no Grêmio.
Por isso, deixando a rivalidade de lado e pensando nele, futebol, eu tenho apenas um desejo, do fundo do meu coração.
Que este domingo seja como tantos outros domingos que o velho e bom Olímpico já viveu nestes 58 anos de glória: que o Grêmio vença.
E dessa vez eu juro que não vou secar.
 
E vocês aí se lembrem: nada pode ser maior que o Grêmio.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Os 10 mandamentos da derrota



E quando a gente enxerga um pouco de tudo aquilo que vem bem antes das quatro linhas do gramado, a gente entende porque o Inter está neste momento deplorável.
“A bola pune.” Essa frase dita tantas vezes pelo Muricy é a mais pura verdade. Mas o castigo da bola é só o final de um longo e complexo processo que passa por administração, gestão, bom senso e política. Coisas que a atual diretoria, comandada por Giovani Luigi, simplesmente perdeu nos últimos dois anos.
Parece até que, lá no início de 2011, Luigi surgiu na arquibancada superior do Beira-Rio, em meio a nuvens, raios e trombetas de anjos. E trazia consigo as tábuas de pedra contendo as 10 regras essenciais para um clube afundar na crise: os 10 mandamentos da derrota.

1) Não enxergarás o óbvio.
Tudo começou ainda em dezembro de 2010. O que se espera do novo presidente do clube que acabou de passar pelo maior fiasco de sua história ao tomar 2 a 0 de um time do Congo? Que ele faça o técnico voltar a nado de Dubai. Pois é. A diretoria não só manteve Celso Roth como aumentou seu salário.

2) Não confiarás em ninguém.
Aí sabe o que aconteceu? A temporada começou em janeiro e já no final de março, a “grande” convicção da diretoria foi demitida. Assumiu Paulo Roberto Falcão sob a benção de Roberto Siegmann, lembram dele? Mas todo mundo sabe que Falcão é desafeto de Fernando Carvalho, - amigão, conselheiro, padrinho e mentor de Luigi. E como Siegmann batia de frente com Carvalho, Luigi aproveitou um 0 a 3 em casa para o São Paulo e se livrou dos dois numa tacada. Sem clemência. Isso com apenas 3 meses de trabalho do técnico. Perguntinha: se não confiava/gostava do Siegmann, por que aceitou o cara como vice? A Yeda aceitou o Feijó como vice e não ia ao banheiro sem deixar alguém cuidando dele. Deu no que deu.

3) Abrirás mão dos melhores.
Aí, pra substituir o Falcão, Anápio(WTF????) e Luigi trouxeram Dorival Junior. Até aí, tudo bem. O problema é que o cara chegou com o seu preparador físico e decidiu abrir mão, simplesmente, do preparador físico da seleção brasileira Fábio Mahseredjian. Pode? Claro, no Inter pode. Agora peguem a lista de contusões musculares só deste ano e tentem acabar a leitura antes do Natal.

4) Demorarás para agir.
Ao final do ano passado, mesmo conquistando a vaga para a Libertadores, a fórceps – diga-se de passagem, todo mundo via, menos a diretoria, que Dorival Junior era muito, mas muito menos do que se esperava. O time não tinha organização, esquema e nem comando. A gota d’água foi aquele jogo contra o Santos em que ele puniu Tinga e Dagoberto e a gente tomou um chocolate digno da caixa de especialidades da Nestlé. Mas, teimosamente, Dorival foi mantido e precisou que o time fizesse um corpo mole do caramba pra ele ser demitido. Demorou tanto, mas tanto, que àquela altura o ano de 2012 já estava seriamente comprometido. Tipo paciente que demora pra ser atendido e quando o socorro chega, ele já está em óbito.   


5) Insistirás em jogar num estádio quebrado.
Essa é outra difícil de entender. Diretoria não quer sair de um Beira-Rio em obras, deprê e cheio de armadilhas para o torcedor herói que ainda insiste em ver o time porque acredita que jogar em casa é importante. Olhem a campanha do Inter em casa. Por que não jogar cada partida em um estádio do interior? Aposto minha cabeça que os estádios lotariam sempre e a pressão sobre o adversário seria muito maior. E na boa: só um colorado muito trouxa da capital deixaria de ser sócio por tirarem os jogos desse Beira-Rio do jeito que está. Tá na cara que não se prepararam pra isso. Há quanto tempo o mundo já sabia sobre essas obras?

6) Te isolarás no poder.
O grupo político que ganhou tudo nos últimos 6 anos rachou no meio e de uma maneira irrecuperável. E caminhamos a passos largos para os tempos tristes de Asmuz, irmãos Zacha e Cia. Tá na cara que faltou espírito conciliador, humildade e uma boa dose de jogo de cintura pra que a atual diretoria não perdesse nomes importantes e vencedores como Vitório Píffero, Pedro Affatato, Mário Sérgio Martins e Roberto Siegmann, entre outros. Ao invés de unir forças, as separamos. E isso tende a ser fatal nos próximos anos.

7) Te apoiarás nos inexperientes.
A experiência do Anápio(WTF?????????????) como vice de futebol já não tinha dado certo. Inexperiente, sem personalidade, fraco. E justamente num cargo onde o dirigente tem que entrar no vestiário chutando a porta, o Anápio pedia “com licença”. Não deu certo. E quem entrou? O glorioso Luciano Davi. Na boa, com estas cobras criadas no vestiário, alguém realmente achou que daria certo? Não, né?

8) Insistirás nos erros.
Como se os erros com Anápio(WTF?????????????????????) e Luciano Davi já não fossem suficientes, a atual diretoria nos brindou com Fernandão como técnico. É aquele pensamento mágico: “Bah, se ele fez aquele gol na final da Libertadores e levantou a taça do Mundial, vai dar muito certo como técnico. A torcida vai apoiar.” Sim, vai apoiar. Até o momento em que achar que um time muito bom no papel teria que render mais. Nem eu nem colorado nenhum vai esquecer do Fernandão como o ídolo que nos tirou de uma fila amarga de anos de insucesso. Mas decididamente não era hora de arriscar tanto. Apostaram alto e perderam todas as fichas.  

9) Não renovarás o elenco.
Se me perguntassem qual foi a melhor coisa na história do Inter, eu diria: ter sido Campeão do Mundo e Bi da Libertadores.
Mas se me perguntassem qual foi a pior coisa na vida do Inter eu provavelmente daria a mesma resposta. Somos reféns dos grandes títulos. Sim, eu acredito muito em continuidade, em time que joga melhor quando tem sequência, etc. Mas tá demais, né?
Na boa: Renan, Nei, Bolivar, Indio e Kléber, D’Alessandro(depois dos últimos acontecimentos, me convenci de que também tem que ir embora) e Cia. já deveriam ter ido. Não se trata de desconhecer o que fizeram nem de achar que são ruins. Mas fechou o ciclo. Acabou. Além de ganharem os tubos, trancam o surgimento de novos jogadores, não põem fim às panelinhas e impedem a oxigenação do vestiário. Agarrar-se a eles é como ter uma pedra amarrada à perna. E no meio do mar.   

10) Não colocarás o pau na mesa.
Bom, deixei este por último porque acho que aí esteve o maior erro dessa diretoria. E que, se aqui a coisa andasse bem, talvez os resultados fossem melhores. Acredito piamente na hierarquia e quando não há, só sobra a anarquia. Entregaram a chave do vestiário para os jogadores que, experientes, deitam e rolam, fazem o que querem, gritam com quem querem e, obviamente jogam quando querem. Literalmente. O Bolívar, por exemplo: saiu do time titular e decidiu que no banco não ficava. E por aí vamos que a lista é extensa: Kléber xingando torcedor e dando carteiraço no Muriel. D’Alessandro derrubando tudo o que é técnico e tomando um amarelo por partida. Religiosamente. Fabrício sendo expulso após o apito final. Fabrício e Jô “festejando” no Rio após a eliminação na Libertadores. Jajá afastado. Dátolo discutindo com o técnico. Fora todos os migués e aquilo que nem veio à tona. Tem como ganhar alguma coisa assim?


Enfim, são muitos erros, poucos acertos e dois anos melancólicos. É o time mais promissor do Brasil antes dos campeonatos e a maior decepção ao final deles. A bola pune. Mas antes dela, tem um monte de gente castigando o clube. E é bem provável que o torcedor se vingue de todos eles nas urnas.



Agradeça, amigão. Não é todo dia que se pega um time como o nosso.