Ok, tenho que confessar: meu lado rancoroso e mesquinho queria muito que o Inter entregasse o jogo de ontem só pra prejudicar o Grêmio. Seria a vingança, em parte, pela entregada tricolor no ano passado. Estava decidido a torcer muito pelo Botafogo contra o Inter. Mas aí, a bola começou a rolar e o meu lado mesquinho foi perdendo espaço pra paixão. Aquela legítima, transparente. Quer saber?
Foda-se o Grêmio.
Clube que nasceu pra vencer não se contenta em ser um “Dedé” (aquele que só existe de escada pras piadas do Didi. Um mero coadjuvante) em uma decisão.
E aí eu me dei conta de uma coisa: o Inter atingiu um nível de conquistas e orgulho por elas tão grande que um verdadeiro colorado simplesmente não suporta ver seu time perder. Nem de brincadeira. Ok, que me desculpem as outras torcidas que hoje só fazem festa com vagas ou com a possibilidade delas. Mas a gente se acostumou a ganhar e, diante da simples possibilidade de perder, uma alergia medonha começa a brotar debaixo de nossas camisetas encarnadas.
O jogo de ontem não foi só um tapa na minha cara, mas de todos aqueles que desconhecem o sentido mais primitivo de um jogo de futebol que é ganhar.
Fiquei orgulhoso pela demonstração de grandeza, honra e hombridade do meu time. Fiquei orgulhoso por vestir esta camiseta que nem sempre vence, mas que toda vez que entra em campo é pra tentar vencer.
Desde ontem, abriu-se um abismo irreversível entre clubes que pensam grande e os que pensam miudinho, mesquinho, rasteiros. Os que só se contentam com as sobras.
Obrigado, Inter, por me resgatar das profundezas da mediocridade e por me acostumar tão mal. É por essas e outras que eu sou irremediavelmente apaixonado por ti.
Não adianta. Clube grande tem mania de vencer.