quarta-feira, 1 de setembro de 2010
CALA A BOCA, VOZ DO BRASIL!
Aí você sai do seu trabalho lá pelas 7 horas da noite. Teve um dia pesado, cheio de cobranças, reuniões, projetos que não deram certo, incomodações com algum colega e o chefe pegando no seu pé. O que você mais quer? Estar em casa, tomar um bom banho, comer alguma rápida, ir pra cama e esquecer que este dia existiu.
Só que antes de fazer tudo isso, você precisa pegar o carro e enfrentar um trânsito pouco/médio/max pesado – depende de onde você estiver aí me lendo, para, aí sim, chegar mais ou menos são e salvo em casa.
Aí, você entra no carro e, louco pra ouvir notícias sobre seu time ou o jogo que começa às 19h30min - horariozinho que só ajuda, você liga rádio e o que acontece?
Você ouve os primeiros acordes de “O Guarani”, uma das composições mais lindas do genial Carlos Gomes mas que, ao longo dos anos, ficou marcada impiedosamente como aquela musiquinha que anuncia o programa mais pé no saco do mundo: a Voz do Brasil.
E aí, por uma hora ininterrupta, poder judiciário, poder executivo, senado e câmara, sem falar dos drops a qualquer momento do Tribunal de Contas da União desfilam notícias, declarações e trechos de discursos de nossos queridos políticos.
Pô, gente... A Voz do Brasil surgiu em 1935 por causa da necessidade que o então presidente Getulio Vargas sentia em colocar a população a par de suas idéias. Isso tudo numa época em que não existia internet, TV era para poucos e os jornais ainda engatinhavam. A Voz do Brasil parece aquelas leis criadas há 80 anos e que já não têm o menor sentido e as autoridades levam mais 80 anos pra se darem conta de que é preciso mudá-las.
Será que ninguém ainda se deu conta de que vivemos em outro tempo?
Será que a Radiobrás nunca fez uma pesquisa para comprovar o traço de audiência durante esta uma hora interminável?
É o programa mais antigo do rádio brasileiro e com certeza resiste a todo este tempo às custas do nosso dinheiro.
Imagine um programa de uma emissora que dá zero de audiência sendo colocado no ar pro tanto tempo?
Por tudo isso, queridos amigos, eu uso esse espaço e o seu precioso tempo para protestar contra este meio/dinossauro meio/elefante branco.
E dizer que, toda vez que alguém diz “Em Brasília, 19h”, nasce uma espinha nas nádegas dos babacas antiquados que, todo o dia da semana, entre às 19h e 20h, forçam você à seguinte reflexão: o que eu ainda faço aqui?
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