quinta-feira, 4 de abril de 2013

Nada vai nos separar



Senti na hora. Assim que os irmãos Poppe fundaram o Sport Club Internacional eu vi que o amor à primeira vista se transformaria em amor eterno.
Já dei o ar da graça logo no início, quando o Inter derrotou o Militar por 2 a 1.  
Lembro também quando fiz minha estreia em um Grenal conquistado pelo placar de 4 a 1. E olha que depois daquele, apareci em outros 149 Grenais, sempre com a mesma emoção.
Abençoei o primeiro grande time da história, o Rolo Compressor, com Abigail,Tesourinha, Russinho e Carlitos, entre outros.
Como não me render à genialidade de Bodinho, Chinesinho e do cerebral Larry?
Claro que fui junto na mudança da Rua Silveiro para a Padre Cacique.
Já no primeiro jogo no Beira-Rio, eu vi mais de 100 mil colorados delirarem quando Claudiomiro decretou o primeiro triunfo de uma era. E que era.
Fui parceira constante e inseparável do time nessa época de ouro. Lembro de cada um dos oito campeonatos gaúchos seguidos. Vi Figueroa alcançar os céus para trazer a primeira conquista nacional. O raio de sol ficou por minha conta.
No segundo título, eu ajudei a empurrar aquela bola para dentro do gol na cobrança de falta de Valdomiro.
E no título de 79, eu não abandonei uma partida sequer o time de Falcão, Mário Sérgio e Benitez .
Como todos os colorados, prendi a respiração naquele pênalti cobrado pelo Célio Silva contra o Fluminense e vi um Fabiano coloradamente feliz naquele Grenal histórico dos 5 a 2.
Ok. Confesso que me afastei um pouquinho nesta década. Mas se fiz isso foi só pra testar a fé e a paixão de milhões de colorados por este manto sagrado. E quando eu voltei, bom.... digamos que eu soube recompensar muito bem aqueles que nunca perderam a esperança.
Corri o campo inteiro ao lado do Rafael Sóbis empunhando uma bandeira colorada e atravessei o mundo só pra fazer o Fernandão levantar a maior glória que um clube de futebol pode alcançar no mundo. No mundo Fifa, óbvio.
E só para confirmar minha relação eterna com este clube e evitar os boatos de que fui uma mera coincidência na história dos colorados, fiz com que a Libertadores caísse pela segunda vez no mesmo lugar. Dessa vez, nos braços de D’Alessandro, Giuliano e cia.
Eu estou na história. Eu estou nas arquibancadas. Eu estou no hino.
Eu sou a vitória. E nestes 104 anos de vida, ninguém me representou tão bem quanto este clube.
Eu fui, eu sou e eu sempre serei parte da vida do Inter. E isso, ninguém mais pode mudar.

Chooora, David! Tá na cara que ela é nossa.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Natal virou uma bolacha sem gosto





Bom, este é um texto exageradamente íntimo. Quase um desabafo depois de 9 anos de saudades. Então, se você está esperando uma soletada no Inter, pare de ler aqui.  
Mas é que me deu uma saudade grande dela hoje. Nossa relação foi por míseros 2 anos. O tempo suficiente pra me apaixonar incondicionalmente por ela, pelo jeito dela, pela alegria dela, pela força dela, pelos valores dela. Por tudo de bom que saía daquele coração enorme e que um dia, lá no início de 2003, fraquejou para tristeza dos filhos, parentes, amigos, alunos. Para minha tristeza.
Minha sogra era tão deliciosamente diferente que o apelido óbvio de jararaca nunca pôde ser aplicado plenamente. Era impossível achar isso dela.
Na real, me apaixonei por ela no primeiro minuto que a conheci. Uma mesa comprida, festa de formatura, e ela lá, na minha frente. Me analisando, prestando atenção no que eu dizia, como dizia, os gestos que eu fazia. E com uma cara de curiosidade, não da mulher de 50 anos, mas com aquele jeito infantil que ela pegava emprestado dos seus alunos do São José de Murialdo.
Professora competente, mãe incondicional, mulher guerreira pra enfrentar os problemas que apareciam na vida. Contas, doenças, dissabores, grands e pequenos problemas.
Cansei de ver se queixar. Mas sempre encerrava o assunto ou com uma gargalhada ou fazendo a gente rir.
Adorava a breguice da Tânia. A paixão que ela tinha pelos cacarecos do 1,99, pelo Roberto Carlos, pelo Grêmio, pelas luzinhas Natal.
Talvez por isso eu tenha deixado de gostar de Natal. Porque a Tânia adorava o Natal. Adorava deixar o apartamento exageradamente natalino. Adorava a festa, a entrega dos presentes, a comilança. E eu adorava a Tânia.
Nunca mais gostei de Natal. Nunca mais gostei de “Amigos para Sempre”.   
Hoje, eu olho para as duas netas dela correndo, brincando e lamento profundamente por elas. Porque a pressa da Tânia tirou delas a oportunidade de conhecer a vó. Que pelo jeito dela, não seria a vó, mas a irmã mais velha.

A Tânia foi. Mas deixou, pelo menos pra mim, a certeza de que a gente tem que curtir ao máximo quem amamos pra depois não termos apenas um mísero texto de blog pra mostrar o arrependimento pelo tempo perdido.  
Tânia pros amigos e parentes, mãe para os filhos, Tia Tânia para os amigos dos filhos, “profe” para os alunos. Pra mim, vai ser sempre a Bolacha. Aquela cara gorda, sempre rindo, dizendo uma besteira e me ensinando que a vida não pode ser pesada. Mas que pra mim ficou menos divertida desde que ela se foi.
São tão netas da Bolacha que uma se chama Maria e a outra, Isabela.





quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O dia em que o Capitão superou o general



Querido Fernandão,
Eu sei que aqui mesmo, neste blog, você já tomou uma sonora soletada. Mas entenda que aquilo foi por conta de sua atuação como treinador. E nunca como o ídolo que nos encheu de orgulho e o homem que mostrou seu caráter.

E de mais a mais, depois de ontem, eu descobri que, além de não poder ver uma mulher chorando, eu também não posso ver um ídolo do seu quilate se desmanchando de dor. A dor que, com certeza, tocou a todos os colorados porque também sofremos do mesmo mal. Ou seria bem?
Somos perdidamente apaixonados pelo Inter. E ontem, Capitão, você deu mais uma prova disso.

Sim, os resultados de campo não foram nada bons. Sim, o seu aproveitamento como técnico (44%) também não fez jus à sua carreira como jogador. E sim, aquela sua maldita mania de escalar 3 volantes, decididamente nunca deu certo.

Mas o que você fez, acredite, acabou sendo muito maior que isso: você fez o que todos os bundões que passaram pelo Beira-Rio nos últimos 4 anos, incluindo cartolas e técnicos nunca tiveram a coragem de fazer. Você meteu o dedo na ferida e apontou todos os erros de um vestiário podre, cheio de come-dorme os quais não têm moral nem pra atar a sua chuteira. Nem a do seu pé esquerdo.

Porque eles não fizeram o gol 1000 em Grenal. Não se atiraram de carrinho naquela bola pra fazer um gol de final de Libertadores contra o São Paulo. Muito menos abriram mão de sua condição de atacante para correr o campo todo e marcar como você marcou naquele jogo contra o Barcelona.

Por tudo isso, ao invés de achar que foi coisa de principiante o fato de você, Capitão, colocar a podridão pra fora, pra mim, aquilo foi coisa de homem. Homem com vergonha na cara e comprometimento com a história de um clube centenário.

Assim como foi atitude de homem o seu choro na despedida de ontem. E, no seu caso, contrariando as patentes do exército, eu até ouso falar em nome da imensa torcida colorada:
entre o choro de um Capitão e o sorriso de um general, nós ficaremos  sempre contigo, Fernandão.
Obrigado por tudo.   
  

É assim que a gente vai sempre lembrar de você, Capitão.