Quem me conhece sabe que uma das coisas que eu sempre critiquei foi a rivalidade burra. Aquela que gera ódio, às vezes morte, que puxa pra baixo e que não tem nada a ver com a verdadeira grandeza da dupla GreNal.
Por isso, me sinto tão à vontade para usar este espaço absolutamente colorado e homenagear o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense nos seus 107 anos de vida.
Vindo de uma família obviamente colorada, meu primeiro contato direto com a dor imposta pelo rival foi em 1977, eu com cinco anos, quando o Grêmio quebrou a hegemonia do Inter que já durava oito gauchões.
Aí, a década de 80 veio para instaurar uma rivalidade dentro de mim que nunca mais sairá. Aí começou o jogo.
Primeiro brasileiro, primeira Copa do Brasil, Libertadores, Mundial ( e vamos parar com esta bobagem de Intercontinental, né? Antes reconhecer o Grêmio campeão mundial do que o Corinthians como primeiro campeão mundial FIFA naquele torneio ridículo. Na boa, ninguém pode ser campeão do mundo ganhando do Vasco, no Maracanã.), e a hegemonia do gauchão com 6 longos títulos. Sim, mas o pior ainda estava por vir: a desgraçada década de 90 que trouxe consigo mais duas Copas do Brasil, uma Recopa, um Brasileiro, uma Libertadores, fora alguns gauchões.
Coincidentemente, 90 foi a década em que eu trabalhei na minha querida SLM, a agência do Grêmio. E, por estas coisas do destino, alguns dos anúncios comemorando aquelas vitórias tiveram minha humilde participação.
Eu tenho certeza de que estas duas décadas me ensinaram a secar o Grêmio justamente porque também me ensinaram a admirar sua história, seus títulos e sua torcida. Por isso, gremistas, não fiquem chateados com a secação dos colorados. Essa é a mais legítima demonstração de admiração por tudo o que o Grêmio representa no cenário nacional. E eu tenho certeza de que a secação gremista nesta década esmagadoramente colorada, também parte do mesmo princípio.
Até porque eu sei que nós só estamos arrumando nossas malas para mais um Mundial porque um dia nosso maior rival – e nunca maior inimigo, também alcançou duas vezes o lugar mais alto da América.
Assim como eu também tenho a plena certeza de que o Grêmio um dia vai voltar a conquistar a Libertadores. Porque esta rivalidade de querer sempre estar na frente do oponente é a rivalidade sadia e fundamental. É a rivalidade que empurra pra cima ao invés de puxar pra baixo.
Porque sua torcida é muito grande. Porque sua história sim é que é imortal. Porque o último sábado marcou um divisor de águas para o seu futuro, com um Conselho Deliberativo finalmente oxigenado e cheio de gente muito bem intencionada e, acima de tudo gremista até debaixo das unhas, como o Márcio Callage, o Minwer Daqawiya e o Adriano Snel – competentes colegas de profissão que eu tenho certeza de que vão me trazer muita dor de cabeça.
E nós colorados, em relação ao Grêmio, seguimos fazendo nossa parte que é secar, secar e secar.
Como aquele irmão mais novo que deu certo na vida, olhamos com um tenro carinho para o irmão mais velho, que um dia foi vencedor mas que nos últimos anos deu azar nos negócios e hoje mora de favor nos fundos da casa do cunhado. (Não esperavam que eu fosse me comportar até o final, né?)
Parabéns, Grêmio. Obrigado por tudo. E mais 107 anos de vida pra vocês. Que também significarão mais 107 anos de vida pra nós.
*Anúncio feito na SLM para a conquista da Copa do Brasil/97.