Querido Fernandão,
Eu sei que aqui mesmo, neste blog, você já tomou uma sonora
soletada. Mas entenda que aquilo foi por conta de sua atuação como treinador. E
nunca como o ídolo que nos encheu de orgulho e o homem que mostrou seu caráter.
E de mais a mais, depois de ontem, eu descobri que, além de
não poder ver uma mulher chorando, eu também não posso ver um ídolo do seu
quilate se desmanchando de dor. A dor que, com certeza, tocou a todos os
colorados porque também sofremos do mesmo mal. Ou seria bem?
Somos perdidamente apaixonados pelo Inter. E ontem, Capitão,
você deu mais uma prova disso.
Sim, os resultados de campo não foram nada bons. Sim, o seu
aproveitamento como técnico (44%) também não fez jus à sua carreira como
jogador. E sim, aquela sua maldita mania de escalar 3 volantes, decididamente
nunca deu certo.
Mas o que você fez, acredite, acabou sendo muito maior que
isso: você fez o que todos os bundões que passaram pelo Beira-Rio nos últimos 4
anos, incluindo cartolas e técnicos nunca tiveram a coragem de fazer. Você
meteu o dedo na ferida e apontou todos os erros de um vestiário podre, cheio de
come-dorme os quais não têm moral nem pra atar a sua chuteira. Nem a do seu pé
esquerdo.
Porque eles não fizeram o gol 1000 em Grenal. Não se
atiraram de carrinho naquela bola pra fazer um gol de final de Libertadores
contra o São Paulo. Muito menos abriram mão de sua condição de atacante para
correr o campo todo e marcar como você marcou naquele jogo contra o Barcelona.
Por tudo isso, ao invés de achar que foi coisa de
principiante o fato de você, Capitão, colocar a podridão pra fora, pra mim,
aquilo foi coisa de homem. Homem com vergonha na cara e comprometimento com a
história de um clube centenário.
Assim como foi atitude de homem o seu choro na despedida de
ontem. E, no seu caso, contrariando as patentes do exército, eu até ouso falar
em nome da imensa torcida colorada:
entre o choro de um Capitão e o sorriso de um general, nós
ficaremos sempre contigo, Fernandão.
Obrigado por tudo.
É assim que a gente vai sempre lembrar de você, Capitão. |